Ao chegarmos a
esse ponto, podemos dizer que nosso Senhor terminou o Sermão propriamente dito,
e que deste versículo em diante Ele tão somente exortando os seus ouvintes a
que tomassem consciência da importância e da necessidade deles, de colocarem em
prática e essas instruções em suas vidas diárias.
O objetivo de Cristo, nesse Sermão, foi o de levar o povo
evangélico a perceber, em primeiro lugar, a sua natureza ou caráter como um
povo, e, em seguida, mostrar-lhes como devem manifestar essa natureza e esse
caráter em sua vida diária.
O Seu propósito foi o de convocar a si mesmo um povo,
chamado dentre o mundo, para formar o reino espiritual. Portanto, era essencial
que ele tornasse perfeitamente claro que esse reino que ele veio estabelecer, é
totalmente diferente de qualquer coisa que o mundo já viu antes, isto é, é o
reino de Deus, da luz, dos céus.
Já vimos o quadro geral traçado pelo Senhor, que retrata o verdadeiro
cristão, nas bem-aventuranças. O mundo haveria de reagir contra ele
mostrando-lhe aversão e perseguindo-o.
Apesar disso, os crentes não deveriam isolar-se do mundo,
transformando-se em monges e eremitas; pelo contrário, deveriam permanecer
vivendo na sociedade, na qualidade de sal e de luz.
O sermão do Monte é, acima de tudo, um sermão prático; é
preciso que vivamos conforme seus princípios. Não são apenas algumas ideias
éticas. A mensagem cristã não é uma ideia teórica tão somente; mas, é algo que
realmente deve caracterizar a nossa vida diária.
SER CRISTÃO É ENTRAR PELA PORTA ESTREITA
Nos versículos 13 e 14, Jesus nos ensina que a primeira
coisa que devemos fazer, após termos ouvido esse sermão, consiste em avaliarmos
o tipo de vida para a qual Ele nos chama, tomando consciência do que ela
envolve. E ela envolve vida de estreiteza, um “caminho apertado”.
O Senhor exprimiu dramaticamente esse pensamento diante de
nós, ao asseverar “entrai pela porta
estreita...”.
É como se Jesus estivesse nos dizendo: “O
caminho apertado é o pelo qual Eu quero que vocês caminhem. Entrem pela porta
estreita. Prossigam a caminhada por esse caminho estreito, onde haverão de
encontrar-Me a caminhar à frente de vocês”.
A primeira
coisa que podemos observar é que:
ESSA VIDA É REPRESENTADA POR UMA TRILHA ESTREITA E
APERTADA DESDE OS SEUS PRIMEIROS LANCES.
A própria
porta de entrada, o próprio caminho pelo qual entramos nessa vida, tudo é
estreito.
Quando deixamos sabedoria
mundana e os motivos carnais invadirem o evangelismo, então descobrimos que
“porta estreita” desaparece.
Muito frequentemente tem-se a impressão que ser crente,
afinal de contas, difere bem pouco de ser incrédulo, que não é necessário
pensar no cristianismo como uma vida apertada, mas antes como algo muito
atrativo, maravilhoso e excitante, e que uma pessoa pode chegar ao cristianismo
em meio a multidões.
O Evangelho não
procura nos convencer de que a sua mensagem e as suas condições são fáceis,
para somente mais tarde começarmos a descobrir o quanto elas são difíceis.
O Evangelho de Jesus Cristo anuncia abertamente, sem
qualquer abrandamento que a vida cristã é algo que começa por uma porta
estreita e apertada desde começo.
Desde o princípio
nos é dito, que se quisermos caminhar por ali, há certas coisas que teremos de
deixar de lado.
É importante
que consideremos algumas das coisas que temos de deixar para trás. Nessa noite
meditaremos na primeira delas:
A PRIMEIRA COISA QUE PRECISAMOS DEIXAR PARA TRÁS É
O MUNDANISMO.
Deixamos para trás
as multidões e a maneira de viver do mundo. “...larga
é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que
entram por ela, porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para
a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mt. 7.13-14).
É necessário começarmos tomando conhecimento desse fato,
quando nos tornamos crentes, pois isso nos transforma em indivíduos incomuns.
O crente é alguém
que inicia sua carreira rompendo com o mundo, com as multidões, com a vasta
maioria das pessoas.
Isso é inevitável; e é importante que nós saibamos bem
dessa verdade.
O modo cristão de
viver nunca foi popular. Antes, é uma maneira de viver muito incomum, estranha,
excepcional e diferente.
O crente, pois, deliberadamente afasta-se da multidão e
começa a dirigir-se na direção da porta estreita e apertada, sozinho.
Ninguém pode
arrastar após si as multidões pelo caminho da vida cristã.
Inevitavelmente isso envolve a necessidade do crente romper
com a maioria. O caminho cristão é algo intensamente pessoal.
Uma das primeiras
coisas que sucedem à pessoa que desperta para a mensagem do evangelho de Cristo
é que ela tem que dizer para si mesma: “bem, sem
importar o que esteja sucedendo à maioria, eu mesmo sou uma alma viva,
responsável pela minha própria vida”.
É como dizem as Escrituras: “porque
cada um levará o seu próprio fardo”. (Gl. 6.5). Assim, quando uma
pessoa se torna crente, primeiramente começa a ver a si mesma como uma unidade
separada dentro desse imenso mundo.
A pessoa toma consciência, do fato que se a sua alma, se o
seu destino eterno, tiver de estar em segurança, ele não somente deve parar por
alguns momentos, em meio à correria desenfreada das multidões, mas também precisa separar-se dessas multidões, e
assim, enquanto a maioria está indo em uma direção, tal pessoa precisa começar
na direção oposta.
Ninguém pode fazer uma multidão entrar ao mesmo tempo por
uma porta giratória, pois esta só admite a passagem de uma pessoa por vez.
A porta é estreita e apertada, e ela me leva face a face
com Deus, com a questão da vida e de meu ser pessoal, de minha alma e de seu
eterno destino.
Entretanto, é uma
coisa abandonar as multidões, mas coisa inteiramente diversa é abandonar o
caminho delas.
Pode-se deixar o mundo em sentido físico, a companhia das
pessoas e das multidões; todavia, o mundanismo pode continuar em seu coração.
Há pessoas que se afastam do grupo ao qual pertencem, e, no
entanto, continuam manifestando a atitude de mundanismo.
É que essas pessoas não conseguiram desfazer-se do espírito
mundano, dos caminhos desse mundo.
O tipo de vida que
caracteriza esse mundo não nos caracteriza como cristãos autênticos.
Em outras palavras, precisamos deixar fora da porta de
entrada as coisas que agradam o mundo.
Não podemos evitar esse fato. As coisas que pertencem ao
mundo e que agradam a nossa natureza não regenerada devem ser deixadas do lado
de fora da porta estreita.
Nosso Senhor vinha ensinando que se realmente somos o seu
povo, se vivemos no seu reino, precisamos
deixar de lado tudo quanto for depravado, instintivo, mundano, aquelas coisas
que a nossa natureza decaída tanto aprecia.
Nosso Senhor nos
aconselhava contra o perigo de imaginarmos uma salvação fácil, contra nossa tendência
de dizermos aos outros: “Venham a Jesus
Cristo e tudo começará a correr direito com vocês”.
Não, o Evangelho nos diz, desde o começo, que isso é algo
muito difícil. Se quisermos seguir o caminho cristão teremos de romper com o
mundo de forma radical e definitiva;
É uma maneira de viver inteiramente diferente da do mundo. Por
isso é preciso abandonar o caminho do mundo lá fora.
Para vivermos essa nova vida que o Senhor Jesus nos
oferece, que tem uma porta estreita e um caminho apertado, mas cujo final é a
VIDA ETERNA.
Que vivamos
desde já essa vida através da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.
Bom fim de semana, querido@ leit@r!
Referência:
JONES, D. M. Lloyd. Estudos no Sermão do Monte. SP: Ed. Fiel, 1984.
Um comentário:
Parabéns pela linda mensagem Marga.
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