quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Abrir mão, eu?


"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’.Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra.
E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa.
Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas.
Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-lhe algo emprestado".
Mateus 5:38-42

“Abnegação” é uma palavra pouquíssimo utilizada em nosso cotidiano. Ela parece estar, não só fora de contexto, mas fora de uso! Até defini-la torna-se um desafio para a maioria de nós.
Mas ela não se configura num desafio apenas para receber uma definição, não. Ela é ainda mais desafiadora quando precisa ser vivida na prática! Pois abnegar quer dizer: abrir mão de; renunciar a; sacrificar-se em benefício de. (Dicionário Houaiss)

A exemplo dos estudos anteriores, este também nos aponta mais uma orientação dada por Jesus, no sentido de redimensionar a Lei. Esse texto do Sermão do Monte mexe muito com o nosso senso de justiça e orgulho próprios, pois toca em uma questão crucial: sofrer injustiça!

Quem de nós nunca foi agredido, perseguido, ou procurado por alguém que precisava de ajuda? Jesus começa esse assunto mostrando que seus discípulos, diante de uma agressão, perseguição ou pedido de ajuda, devem ter uma atitude mais excelente, ter uma reação positiva sem retaliação – Mt.5-38-42

O que a Bíblia nos mostra, é que não é exatamente o que alguém faz contra nós que nos prejudica, mas a maneira como reagimos. Pois, as nossas reações vão determinar a manutenção de nossa comunhão com Deus, o nosso testemunho cristão, além de afetar também nossa saúde física, emocional e espiritual.  Nossas reações dizem muito sobre nosso nível de maturidade cristã!
É verdade que não podemos controlar o que as pessoas fazem, mas como cristãos podemos controlar nossas reações por amor a Jesus! Ninguém deve se sentir vítima das circunstâncias, mas revertê-la para a glória de Deus!

Jesus nos ensina que devemos nos desfazer do espírito de retaliação (revidar, vingar), a respeito de qualquer ofensa ou dano que nos tiverem feito.
O que Cristo quer que entendamos, é que a vingança não nos pertence! – Mt. 5.38-39; Rm. 12.19
No Antigo testamento, as punições para as infrações morais e legais eram atribuídas às autoridades constituídas e ao próprio Deus (Hb. 10.30-31). Embora a Lei proibisse a vingança pessoal, os escribas e fariseus ensinavam exatamente o contrário.
Jesus deseja que seus discípulos vivam, de fato e de verdade o amor de Deus em suas vidas. E não apenas uma vida “religiosa” como a dos fariseus. Por isso, quando maltratados, devemos reagir sempre com o perdão, nunca com a retaliação. Mt. 18.21-22

Em Mateus 5.39-42 encontramos quatro ilustrações utilizadas por Jesus para explicar como deve ser a conduta do cristão quando agredido, perseguido ou solicitado a ajudar alguém.
As ilustrações mencionadas nesse texto são usadas para destacar o fato de que o cristão, para não se vingar de alguém que o tenha ofendido pessoalmente, vai ao extremo oposto da reação comumente esperada.
Em nossa sociedade, de modo geral, se alguém não revida um golpe, é considerado um covarde; mas, espiritualmente, quando ele não revida, manifesta a presença do Filho de Deus em sua vida.

A 1ª ilustração utilizada por Jesus é “A outra face” – Mt. 5.39
Jesus parte do princípio de que nossa tendência natural quando ofendidos é revidar imediatamente, e, se possível, aplicando um sofrimento maior do que aquele que recebemos. Porém, Ele nos ensina que devemos estar preparados para sofrer sem responder com vingança, por amor, confiando de que Ele sabe e irá julgar retamente. Além do mais, se Jesus e seus apóstolos não revidaram quando ultrajados, não deve ser diferente conosco! (I Pe. 2.21-23).

A 2ª ilustração usada por Jesus é “A capa” – Mt. 5.40
Dar a capa (entregar também algo importante) significa que mesmo sofrendo injustiça, o cristão deve evitar o comparecimento a tribunais, criando relacionamentos indesejáveis. Representa uma atitude de renuncia por parte do discípulo de Cristo. O apóstolo Paulo é bem claro em 1 Co. 6.7 quando trata de litígios entre os irmãos.

A 3ª ilustração empregada por Jesus é “A segunda milha” – Mt. 5.41
Naquela época, permitia-se aos soldados e oficiais romanos que forçassem os nativos a carregar os seus suprimentos ou bagagens por uma milha, o que equivalia a quase 1,5 Km.
O que Jesus está nos ensinando aqui é que se alguém nos humilha, ou nos obriga a fazer algo, devemos surpreendê-lo com a nossa generosidade e desprendimento, se possível, fazendo além daquilo que nos foi solicitado.

E por último, a 4ª ilustração é sobre “Aquele que nos pede” – Mt. 5.42
Nesse ponto Jesus discute a questão do dar e do emprestar. Cristo trata da liberalidade, e mostra que é preciso ir contra todo tipo de avareza, pois ela está ligada ao nosso egoísmo, ao apego ao que temos, ao que é nosso.
O dar e o emprestar devem acontecer na medida da necessidade do outro. Conforme as Escrituras, o discípulo de Jesus deve ser generoso. Gl. 6.10; I Jo. 3.17-18

Concluímos essa reflexão, reafirmando que é preciso termos claro em nossa mente que o verdadeiro cristão não advoga em causa própria, por meio de vingança. Mas, age em atitude oposta, revelando desprendimento e generosidade para com aqueles que o agridem ou perseguem injustamente.

Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a vingança; eu retribuirei", diz o Senhor. Pelo contrário: "Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele".
Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.
Romanos 12:19-21

Apesar do atraso, desejo uma semana de vitórias pra você, amado(a) leitor(a)!
Baseado em: Sermão do Monte – um ensino desafiador. Ed. Cristã Evangélica

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