segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O lugar do jejum em nossa vida cristã


"Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os homens vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa.
Ao jejuar, ponha óleo sobre a cabeça e lave o rosto,
para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê no secreto. E seu Pai, que vê no secreto, o recompensará". 

Mateus 6:16-18

A questão do jejum quase desapareceu de nossa prática diária, e até mesmo do campo das nossas considerações. Muitos crentes vivem hoje como se Mt. 6.16-18 tivesse sido arrancado de suas Bíblias. Mas não temos nenhuma razão para destacar mais o dar e o orar do que o jejuar.
Com que frequência temos pensado a respeito disso? Que lugar o jejum ocupa em toda a nossa perspectiva de vida cristã? A verdade provável é que apenas raramente temos meditado sobre esse tema.
Apesar disso, ele aparece no Sermão do Monte; e não temos qualquer direito de escolher o que queremos e o que não queremos aceitar nas Escrituras Sagradas. É imprescindível que o aceitemos tal e qual ele é, e nesta passagem a questão do jejum se impõe diante de nós. Por isso não temos como desconsiderá-la.

Nessa altura do seu sermão, nosso Senhor estava interessado por um único aspecto desse tema do jejum: a tendência de nos ocuparmos dessas diversas práticas religiosas (dar, orar e jejuar) com o único objetivo de sermos vistos pelos homens.
Ele se preocupava com essa nossa tendência para o exibicionismo.

Onde cabe essa prática dentro do ensinamento bíblico? Quem praticava o jejum, segundo a bíblia?
De modo geral, a resposta é a seguinte:
Trata-se de uma prática ensinada no Antigo Testamento. O povo de Israel recebeu a ordem de jejuar uma vez por ano, no dia da Expiação – Lv. 16.29-31
No Novo Testamento os fariseus costumavam jejuar duas vezes por semana, apesar de Deus jamais ter determinado tal prática.
Assim como eles, a tendência de certas pessoas religiosas sempre será ir além daquilo que está escrito na Bíblia; e essa era a posição dos fariseus.
Jesus, embora nunca tivesse ensinado diretamente que alguém jejuasse, sem dúvida ele ensinava indiretamente essa prática. Veja o que ele diz em Mateus 6.17 e 9.14-15
Com base nessas palavras de Jesus, portanto, concluímos que para ele, o jejum nada tinha de errado e era recomendável ao povo crente.
Sabemos que o próprio Jesus jejuou por 40 dias e 40 noites, ao ser tentado por Satanás, no deserto. Mt. 4.1
O jejum era praticado também pelos apóstolos; pela igreja primitiva e no decorrer da história da igreja. O povo de Deus sempre sentiu que o jejum não somente é uma prática correta, mas também que ela se reveste de imenso valor quanto aos seus efeitos, sob determinadas circunstâncias. (2 Co. 6.5 At. 13.1-3)

Mas, no que consiste, exatamente, o jejum? Qual é o seu propósito?
O homem se compõe de corpo, mente e espírito, e esses elementos estão intimamente relacionados entre si, interagindo uns com os outros.
A noção bíblica do jejum é que, por causa de certos objetivos e razões espirituais, homens e mulheres resolvem fazer abstinência de alimentos.
O jejum é algo incomum, excepcional, algo que um homem põe em prática apenas ocasionalmente, com uma finalidade especial. Jejuar é abster-se completamente de alimentos na busca de certos alvos especiais como: a oração, a meditação ou a busca do Senhor, devido a alguma razão peculiar, ou sob circunstâncias especiais.

Como devemos considerar e abordar a questão do jejum?
Há certas maneiras erradas de jejuar:
Jejuar de maneira mecânica, ou meramente com a finalidade de jejuar, por ser esta uma prática da religião cristã.
Qualquer coisa que fizermos somente por fazê-la, como se fosse uma rotina, certamente viola ensinamentos bíblicos importantes.
Jejuar esperando resultados diretos e imediatos do jejum. Ele sempre deveria ser conceituado como um meio para se chegar a um fim e não como um fim em si mesmo, e só deveria ser praticado quando alguém se sentisse impelido ou fosse levado a isso por razões estritamente espirituais.

Qual é a maneira correta do crente jejuar?
A primeira coisa é que o jejum não envolva um esforço distorcido, conforme faziam os fariseus. A nossa preocupação deve ser somente com Deus e sobre como podemos agradá-lo em tudo. 
Também, agir de forma natural, preocupando-nos exclusivamente com a sua honra e glória.
O mais importante é que a nossa relação com Deus esteja correta e que o nosso objetivo seja agradar ao Senhor.  Se essa for a nossa preocupação, então poderemos deixar todo o resto aos seus cuidados.
Devemos concluir esse estudo lembrando a todos que o Deus da Bíblia odeia a hipocrisia, pois Ele é o Deus da verdade.
Mantenhamo-nos conscientes de que estamos sempre na Sua presença e que a nossa dádiva (esmola), a nossa oração e o nosso jejum devem ser para agradar a Deus.

Talvez o Senhor retenha o nosso galardão durante anos; mas isso não importa. Receberemos a recompensa.
As promessas divinas nunca falham. Embora o mundo jamais entenda quem somos, Deus o sabe, e, naquele grande dia esse fato será proclamado diante do mundo inteiro.

Dr. Martyn  Lloyd Jones disse: “Que os homens não te ouçam, não te amem e nem te louvem. Mas o que importa é isso: É o Senhor quem te aprova!”

Que Deus nos ajude a viver na prática também esse ensinamento do Senhor Jesus!

JONES, D. M. Lloyd.  Estudos no Sermão do Monte. SP: Ed. Fiel, 1984.

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