“Pai nosso”
Mt. 6.9a
Quando meditamos sobre a oração vemos
que o Senhor Jesus não apenas sentiu ser necessário advertir aos seus
seguidores contra certos perigos relativos à prática da oração, tais como vimos
em Mateus 6.5.
Naquela parte do Sermão do Monte Ele advertiu
que não fossem hipócritas; também que não usassem repetições inúteis, e lhes
disse ainda que o mero volume ou quantidade das palavras usadas não produz
qualquer benefício especial.
Ensinou-lhes que convinha que orassem
em secreto, que ficassem a sós com Deus, concentrando-se Nele e em sua relação
com Ele.
Mas Jesus não achou suficiente fazer
uma advertência geral, porque os seus discípulos precisavam de instruções mais
minuciosas.
Ele prosseguiu afirmando: “Portanto, vós
orareis assim...” e passou a ensiná-los sobre o método certo de orar.
A oração é a mais sublime atividade da
alma humana. O ser humano atinge o ponto culminante de sua experiência quando,
de joelhos, acha-se face a face com Deus.
Nada existe que seja capaz de revelar
tão bem a nossa realidade espiritual, como povo evangélico que somos, do que a
nossa vida de oração.
Qualquer outra coisa que fizermos em
nossa vida cristã será mais fácil do que orar.
Descobrimos nossa verdadeira condição espiritual
quando nos examinamos privadamente.
Quando deixamos as atividades e os
contatos externos com outras pessoas, e ficamos sozinhos diante de Deus, então
realmente percebemos onde nos encontramos, espiritualmente falando.
Orar é o mais profundo teste a que
pode ser submetida a nossa condição espiritual, quanto à sua autenticidade.
Assim como os discípulos precisamos
ser instruídos sobre como se deve orar, e também sobre o que devemos orar.
Na oração do Pai Nosso, encontramos
uma perfeita síntese das instruções de Nosso Senhor sobre essas questões.
PRIMEIRAMENTE,
ESSA ORAÇÃO É UM MODELO.
A própria maneira como o Senhor Jesus
a introduziu já indica esse fato. Ele diz: “Portanto, vós orareis assim...” (Mt. 6.9)
Em
essência, essa oração cobre tudo.
Ninguém precisa acrescentar coisa
alguma à oração do Pai Nosso; pois coisa alguma foi esquecida.
Isso
não significa que ao orarmos simplesmente devamos repetir a oração e parar depois
disso.
Nem o próprio Senhor Jesus fez tal
coisa. Ele passou noites inteiras em oração; por muitas vezes se levantou,
ainda de madrugada e ficou orando durante muitas horas.
Ela
contém todos os princípios. É uma espécie de estrutura, de esboço. Ao orarmos, é
tomarmos esses princípios, empregando-os e expandindo-os, baseando neles toda e
qualquer petição.
Ela
visa não somente aos discípulos originais, mas
também a todos os crentes de todos os lugares, em todos os tempos.
A condição indispensável é que eu não
fique meramente repetindo, de forma mecânica, as palavras dessa oração, mas devo
realmente orar no coração, na mente e com todo meu ser.
Jesus a ensinou não para que a
ficássemos repetindo mecanicamente pelo resto de nossas vidas e, sim, a fim de
que os seguidores do Senhor dissessem consigo: “Quando
eu tiver de orar, sempre terei de lembrar-me de determinadas coisas. Não devo
precipitar-me numa oração apressada; nem começar falando imediatamente, sem
antes ponderar o que estou fazendo. Não devo ser meramente levado por algum
impulso ou sentimento do momento. Existem certas verdades que sempre deverei
ter em mente”.
Nosso Senhor estava dizendo aqui que essas
eram as coisas que ele sempre tinha em mente quando orava, e que, assim sendo,
nunca podemos fazer qualquer coisa mais sublime do que orar de acordo com essas
normas.
Mas, como devemos orar e sobre o que
devemos orar? Jesus começa ensinando que:
AO
APROXIMAR-NOS DE DEUS CONVÉM QUE FAÇAMOS UMA PAUSA, ANTES DE COMEÇARMOS A ORAR.
“Pai nosso (...)” Mt. 6.9a
Essa
atitude nos dá tempo para reconhecermos nossa verdadeira relação com Deus.
Nossa tendência é ser tão egocêntricos
nas nossas orações que, quando vamos orar pensamos somente em nós mesmos, em
nossas dificuldades e perplexidades.
Começamos a falar imediatamente sobre
elas e, naturalmente nada acontece.
Se você é capaz de dizer “meu Pai” com todo coração, sem importar
quais sejam suas outras condições, em certo sentido a sua oração já foi
respondida.
Orar significa conversar com Deus,
esquecendo-nos de nós mesmo e tendo consciência da presença do Senhor.
As
orações registradas na Bíblia sempre começam por uma invocação.
Não importa quão desesperadoras e
urgentes tenham sido as circunstâncias, nem os apuros daqueles que
oravam; invariavelmente eles começavam por um ato de louvor, adoração ou
invocação.
Exemplos: Dn. 9.3-4; Sl. 18.1; Jr. 32.16-17;
Sempre devemos começar nossas orações
com uma invocação, antes de apresentarmos nossa primeira petição.
Somente
aqueles que são crentes autênticos no Senhor Jesus Cristo é que podem dizer “Pai Nosso”.
Essa não é uma doutrina muito popular
nesses nossos dias, mas essa é a doutrina ensinada na Bíblia.
O mundo atual acredita na paternidade
universal de Deus, e também na fraternidade universal dos homens. Entretanto,
tal ensino não é encontrado na Bíblia.
Somente aqueles que “o receberam” é que ele deu o direito (a
autoridade) de tornarem-se “filhos de
Deus” (Jo. 1.12)
A Bíblia estabelece claríssima
distinção entre aqueles que pertencem a Deus e aqueles que não lhe pertencem.
Pode-se perceber isso na oração
sacerdotal de Jesus, em João 17, onde ele disse: “É
por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste porque
são teus” (v9).
Somente aqueles que estão no Senhor
Jesus Cristo são verdadeiros filhos de Deus. Tornaram-se seus filhos através da
adoção.
A Bíblia diz todos nascemos filhos da
ira (Ef. 2.3), e precisamos ser arrebatados espiritualmente desse reino
da maldade para que nos tornemos filhos de Deus.
Se verdadeiramente confiarmos no
Senhor Jesus Cristo, então teremos sido adotados na família de Deus, e também
recebemos “...o espírito de adoção, baseados
no qual clamamos Aba Pai” (Rm. 8.15).
O homem mundano não gosta dessa
doutrina. Prefere dizer que todos são filhos de Deus apesar de não crer em
Jesus como seu Salvador e Senhor de sua vida.
Portanto, quando nosso Senhor disse, “Pai Nosso”, obviamente estava pensando nos crentes em Cristo, e é por esse motivo que essa oração do Pai Nosso é uma oração cristã.
Uma pessoa pode proferir com os lábios
as palavras “Pai Nosso”, mas, a pergunta que se impõe é essa: Ele acredita
nisso? E tem experiência real com esse fato?
A prova final da profissão de fé de
cada indivíduo é que ele possa dizer com confiança e absoluta certeza: “Meu Pai, meu Deus”.
Reflita por uns instantes:
Deus é seu Deus? Você realmente O
conhece como seu Pai? E quando você se aproxima Dele em oração, você tem o
senso de que está se aproximando do seu Pai Celeste?
É por aí que devemos começar a orar,
conforme nos instruiu nosso Senhor, isto é, devemos perceber que temos nos
tornado filhos de Deus por causa daquilo que ele fez em nosso favor através do
Senhor Jesus Cristo. Essa é a ideia implícita nesse ensino de Cristo.
Jesus afirmou que é dessa maneira que
convém orar. Era assim que ele orava e é assim que devemos orar!
Se essa não tem sido sua prática,
comece a partir de hoje a orar assim!
Que Deus nos ajude! Amém!
Referência:
JONES, D. M. Lloyd. Estudos no Sermão do Monte. SP: Ed. Fiel, 1984.
Referência:
JONES, D. M. Lloyd. Estudos no Sermão do Monte. SP: Ed. Fiel, 1984.
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