segunda-feira, 18 de março de 2013

E perdoa-nos as nossas dívidas...


“E perdoa-nos as nossas dívidas...”
Mt. 6.12-13

Chegamos à segunda divisão das petições do Pai Nosso, que dizem respeito às nossas necessidades espirituais; perdão e livramento do pecado.
 “E PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS...”
A Bíblia que só há uma lavagem da pessoa inteira; e essa ocorre por ocasião da justificação (Jo. 13.10). Porém, mesmo depois de justificados por Jesus, enquanto caminhamos por esse mundo, ficamos sujos e manchados pelo pecado.
Isso acontece com todo cristão. Por isso, embora saibamos que fomos perdoados, continuamos precisando de perdão para os nossos pecados e fracassos diários.
Isso é declarado em I João 1, onde lemos que o crente, embora ande na vida de fé, ainda assim pode incorrer em pecado.
João nos orienta a confessar os nossos pecados dizendo: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. I Jo. 1.9
O apóstolo João não estava falando com incrédulos. Sua carta destinava-se a pessoas crentes, assim como Jesus na oração do Pai Nosso.

Quem é a pessoa que pode orar  “...perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós temos perdoado aos nossos devedores...”?
É aquela que já recebeu o direito de exclamar: “Pai Nosso!” E a única pessoa que tem o direito de dizer: “Pai Nosso”, é aquela que se encontra em Cristo Jesus. Por assim dizer, essa é uma “Oração dos Filhos”.
Essa oração se destina exclusivamente àqueles que já foram feitos filhos de Deus mediante a fé no Senhor Jesus Cristo.
Temos aqui a relação entre um filho de Deus e seu Pai celeste, e, no instante em que percebemos que ofendemos, ou entristecemos ou pecamos contra o nosso Pai, devemos confessar o erro e pedir-lhe perdão; temos a certeza de que somos perdoados.
A Bíblia diz também em I Jo. 1.10 que: “Se dissermos que não temos cometido pecado fazemo-lo mentiroso e a sua palavra não está em nós”.
A pessoa que não reconhece quão pecador é o seu próprio coração, mas se preocupa meramente com suas próprias teorias, é uma pessoa que jamais se examinou verdadeiramente. Pois, quanto mais uma pessoa tiver sido santificada, tanto maior será o seu senso de pecado, e sua consciência de pecado no íntimo.

Através dessa petição, nosso Senhor estava interessado em relembrar-nos a necessidade do perdão e assegurar-nos quanto à certeza desse perdão.
Ele estava preocupado com a relação entre Ele, como Pai e nós, como filhos.
O que temos aqui é aquilo que encontramos tão claramente ensinado em Mateus 18, na parábola do Credor Incompassivo, que não se dispunha a perdoar um seu conservo, embora ele mesmo tivesse sido perdoado pelo seu senhor.
Essas palavras de Jesus ensinam que a prova que você e que fomos perdoados é que perdoamos aos outros.
Se pensarmos que os nossos pecados são perdoados por Deus, mas nos recusarmos a perdoar aos nossos semelhantes, estaremos praticando um grave erro; e isso será prova de que jamais fomos perdoados.
A pessoa que sabe que foi perdoada em virtude do sangue vertido por Cristo, e nada mais, é a aquela que sente a compulsão de perdoar a outros.
Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, então nossos corações serão quebrantados e não poderão mostra-se duros, e nós não poderemos recusar o perdão a quem nos tiver ofendido.
Não podemos reter o perdão. Isso era o que o Nosso Senhor estava nos dizendo aqui.
Ore a Deus e diga: “Perdoa-me, ó Deus, assim como tenho perdoado a outros, por causa daquilo que tens feito por mim. Perdoa-me como eu os tenho perdoado, por causa daquilo que a cruz de Jesus Cristo tem realizado em meu coração”.

Essa petição está repleta da graça de Deus. Vemos como ela é importante por meio do fato que nosso Senhor chegou mesmo a repeti-la.
Havendo terminado a oração, Ele voltou ao tema e declarou nos versículos 14 e 15: “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”.
O verdadeiro perdão quebranta ao homem, e ele se sente movido a perdoar. Por isso não devemos repetir essa oração de forma mecânica.

Vejamos agora a última petição:
E NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO; MAS LIVRA-NOS DO MAL”. MT. 6.13
Essa é a petição final e esse é o seu propósito.
Ao fazermos essa petição, estamos pedindo que nunca sejamos conduzidos a uma situação em que nos tornemos passíveis de ser tentados por Satanás.
Ou seja, que Ele não permita que sejamos vítimas fáceis das tentações nem que sejamos expostos a situações onde poderíamos cair em pecado.
Há situações que são muito perigosas para nós. Dessa forma, devemos vigiar e orar, nos mantendo sempre em guarda para não cairmos em tentação (Mt. 26.41). 

Vinculado a isso há um segundo aspecto dessa petição, que nos recomenda orar no sentido de sermos livres do mal.
Nesse caso, o “mal” inclui não somente a pessoa de Satanás, mas também todas as formas e variedades do mal.
Certamente, o Maligno está incluído na palavra “mal”, por isso, precisamos ser defendidos dele e de suas artimanhas.
Entretanto, em nossos próprios corações também se oculta a maldade e, assim sendo, precisamos ser livres desse mal interior, como também do mal que reside no mundo em geral. Ou seja, precisamos ser livres de todos esses aspectos do mal. Jr.17.9; Mt. 15.19;

Por qual motivo deveríamos pedir a Deus para sermos resguardados do mal? Pelo grande motivo que a nossa comunhão jamais venha a sofrer interrupção.
O nosso desejo supremo deve ser o de termos sempre uma correta relação com Deus, conhecendo-o e desfrutando de companheirismo e comunhão ininterruptos com Ele.
Esta é a razão pela qual devemos fazer essa oração, para que nada venha a interpor-se entre nós e o glorioso Pai celeste.

O que alguém poderia dizer, após uma oração magnífica como essa. Após ter lido tais palavras?
Deve haver uma espécie de ação de graças final, alguma forma de doxologia (expressão de louvor a Deus).
Quando consideramos nossas necessidades e também o quanto dependemos dele e as nossas relações com Ele, não podemos parar dizendo: “Livra-nos do mal”.
Precisamos terminar nossa oração conforme havíamos começado, isto é, louvando ao Senhor, e é isso que Jesus nos ensina ao dizer:
“Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.


Referência:
JONES, D. M. Lloyd.  Estudos no Sermão do Monte. SP: Ed. Fiel, 1984.

Nenhum comentário: