segunda-feira, 25 de março de 2013

Não ajunteis tesouros na terra...


Conforme temos estudado no Sermão do Monte, não existe nada mais importante do que a relação entre o cristão e Deus, seu Pai celeste. De acordo com Jesus, o grande segredo da vida está em sempre nos vermos como filhos de nosso Pai celeste.
Se essa for a nossa atitude, seremos libertos das duas principais tentações que nos atacam nesta vida terrena.
Como já vimos nos v. 1-8, o Senhor coloca essas tentações da seguinte maneira:
A primeira é aquela sutil tentação que nos assedia com relação à nossa piedade pessoal.
Ele nos ensina que a única coisa que realmente importa, e com que devemos nos preocupar é que o Senhor está sempre olhando para nós.
Por isso, não devemos dar valor excessivo àquilo que as pessoas digam a nosso respeito, e nem estar focado em nós mesmos.

Agora chegamos ao versículo 19, onde nosso Senhor introduz o aspecto da questão da vida cristã neste mundo em relação a Deus como Pai. O que está em foco neste momento é:
I – O PROBLEMA QUE A BÍBLIA CHAMA DE “O MUNDO”. – v. 19.
Mas, o que as Escrituras querem dizer com a expressão “o mundo”?
Não está em evidência aqui o universo físico e nem o conjunto total dos seres humanos. O foco está na atitude, em uma mentalidade, uma maneira de encararmos a vida como um todo.
Jesus apresenta uma sequência: o crente prepara-se em secreto, ele ora e faz diversas outras coisas: jejua, ajuda ao próximo com esmolas e pratica outras boas obras, sem se deixar notar.
No entanto, ele igualmente precisa viver sua própria vida neste mundo. Onde ele está envolvido em uma luta de fé, e necessita de toda a armadura de Deus, porquanto, se dela não estiver revestido, será derrotado, "porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne" (Efésios 6: 12). Essa é uma batalha realmente feroz!
Essa tentação que pende para o mundanismo, geralmente assume duas formas principais:
Em primeiro lugar ela pode assumir a forma de um afeto positivo pelo mundo (o que vemos no v. 19 – I Jo. 2.15)
Em segundo, ela pode assumir a forma de ansiedade, de uma atitude de preocupada ansiedade com respeito ao mundo (o que veremos a partir do v. 25).
Jesus tratou dos dois aspectos do problema ainda em termos de nosso relacionamento com nosso Pai celeste.Por isso, temos que cuidar para não reduzir seus ensinos a um mero número de normas e regulamentos.

Ele começa tratando do aspecto negativo da questão. Ele diz:
II - NÃO AJUNTEIS TESOUROS NA TERRA - Mt. 6:19
O que Jesus quis dizer com isso?
Em primeiro lugar, devemos evitar interpretar essa declaração como se ela girasse somente em torno de dinheiro.  Pois Jesus disse: “não acumuleis tesouros”, e não, “dinheiro”.
Tesouro é uma palavra com significado bastante amplo, que inclui muita coisa, inclusive dinheiro.
O que está em pauta é a atitude inteira de uma pessoa para com a existência neste mundo.
Jesus falava aqui com pessoas que têm nesta vida, nas coisas que dizem respeito somente a este mundo, sua principal ou total satisfação. 
O nosso tesouro talvez não seja dinheiro. Pode ser marido, mulher ou filhos; pode ser um dom, uma casa, etc. Não importa o que ou quão pequeno seja, se representa tudo para você, então aquilo é o seu tesouro, aquela é a coisa para a qual está vivendo.
Não está em pauta somente o amor ao dinheiro, mas também o amor à honra pessoal, à posição social, aos cargos obtidos, o amor ao próprio trabalho, o amor a qualquer coisa que comece e termine aqui mesmo, nesta vida e neste mundo.
Essas são as coisas que nos devem deixar em estado de alerta para que não as transformemos em nossos tesouros. 

Vamos ver agora o lado positivo da exortação de Jesus:
III - "... MAS AJUNTAI PARA VÓS OUTROS TESOUROS NO CÉU...”
Jesus não está aqui ensinando a possibilidade de uma pessoa obter a salvação por suas próprias obras, pois se dirigia a pessoas que já tinham recebido a salvação pela fé nele.
Ele reforça aqui o ensino que encontramos também em outros textos bíblicos como I Tm. 6.17-19; Jo. 6.27
Mas como podemos colocar em prática esse ensinamento de Jesus? Primeiramente sendo possuidores de um ponto de vista correto.
Nunca podemos perder de vista que nesta vida somos meros peregrinos.
Estamos caminhando neste mundo debaixo dos olhos atentos do Senhor, aproximando-nos dele e na direção de nossa esperança eterna.
Esse é o grande princípio ensinado em Hb. 11, que mostra que aqueles homens heróis da fé tinham um único objetivo. (v. 27, 13, 10, 16)

Se partirmos desse princípio, começaremos a pensar em nós mesmos como mordomos que terão de prestar contas de todas essas coisas a Deus. Não somos proprietários permanentes dessas coisas.
Não importa se está em pauta o dinheiro, ou o intelecto, ou nossas próprias pessoas, ou nossa personalidade ou qualquer dom que porventura tenhamos.
Nosso pensamento deve estar na seguinte questão: “Como posso usar essas coisas para a glória de Deus?” Pois é a Ele que terei de prestar contas de minha mordomia, em todas as coisas com as quais ele tiver me abençoado.
Estou armando minha tenda, a cada dia que passa, um pouco mais perto do meu lar celestial? Sou um filho do Pai celeste, vivendo neste mundo para seu propósito e não para o meu.
Deus me deu esse grande privilégio de viver neste mundo, e se por acaso ele me proporcionou qualquer dom, tenho que me conscientizar de que, embora em certo sentido essas coisas sejam minhas, em última análise elas pertencem a Deus Rm. 11.36

Sendo nós, pessoas que receberam esse grande privilégio de sermos mordomos que cuidam das coisas de Deus, pessoas que receberam a incumbência de guardar essas coisas, não podemos agarrar-nos a elas como se fossem exclusivamente nossas.
Elas não podem ocupar o centro da nossa vida.
Não podemos viver para concentrar nelas à nossa atenção, ocupando a mente com elas; elas não podem absorver todas as energias de nossa vida.
Pelo contrário, precisamos nos manter numa atitude de desapego de todas essas coisas. Não podemos deixar-nos governar por elas. Antes, precisamos gerenciá-las; e, agindo assim, estaremos constantemente garantindo e depositando seguramente, para nós mesmos, um "tesouro no céu". 

Referência:
JONES, D. M. Lloyd.  Estudos no Sermão do Monte. SP: Ed. Fiel, 1984.

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilhoso! que o Espirito Santo continue lhe dando sabedoria, discernimento e entendimento, porque todo dom perfeito vem dele. Graça e paz!